Estamos perfeitamente acostumados com a grande comissão. A orientação de Jesus registrada no último capítulo do evangelho de Mateus nos é tão familiar, que se tornou padrão e fundamento para a missão da igreja.

O curioso é que, segundo a evidência apresentada pelo Novo Testamento, a grande comissão não foi a motivação principal da missão na igreja do primeiro século. A difusão do evangelho nos primeiros anos do cristianismo não foi resultado de uma obediência a uma nova “lei” imposta por Cristo, mas o resultado natural da nova vida comunicada e inspirada pelo Espírito. A obrigação de pregar o evangelho não depende da letra, mas do Espírito de Cristo; não do que ele ordena, mas sim do que ele é, e o Espírito de Cristo é o Espírito do amor, da compaixão e do anelo de Deus por aqueles que estão afastados dele. Isso moveu a igreja. Isso deveria nos mover hoje.

Mas nós somos a geração que cresceu ligada aos edifícios, eventos, departamentos e uma ampla variedade de bens e serviços projetados para atrair e entreter as pessoas. Jesus nos disse para ir por todo o mundo como embaixadores, mas as igrejas hoje têm mudado a ordem “ir e ser”  para o convite “vir e ver”.

A igreja não existe para satisfazer às demandas de crentes consumidores; ela existe para equipar e mobilizar homens e mulheres para a missão de Deus no mundo. O propósito fundamental de uma igreja não é chegar a ser grande numericamente, ou rica materialmente, ou politicamente poderosa. Essas coisas podem acontecer, mas seu maior propósito é encarnar os valores do reino de Deus e testificar do amor e da justiça revelados em Jesus Cristo, em função da transformação da vida humana em todas as suas dimensões, tanto em âmbito pessoal como em âmbito comunitário.

Ainda vivemos a dicotomia entre missionários, chamados por Deus a servi-lo, e cristãos comuns, que desfrutam dos benefícios da salvação, mas estão fora da obra que Deus quer fazer no mundo. Reduzimos a missão a um esforço missionário transcultural. A missão pode ou não envolver o cruzamento de fronteiras geográficas; porém, em qualquer caso, envolve primordialmente o cruzamento da fronteira entre o que é fé e o que não é, e isso, pode ser no coração da África, na rua onde moro ou no centro comercial onde trabalho.

A grande comissão não é um “mandato evangelístico” que fundamenta a ideia de que a preocupação central da igreja deve ser a conversão de indivíduos e o estabelecimento de igrejas. É, mais do que isso, um chamado que o Senhor ressurreto faz à igreja para que ela se dedique a formar homens e mulheres que reconheçam seu senhorio universal, se integrem ao povo de Deus e executem o mandato de Jesus, que inclui todos os aspectos da vida humana.

É, em outras palavras, um chamado à missão integral, uma convocação para participar na formação de cidadãos do reino de Deus dispostos a obedecer a ele em tudo.

Em nossas igrejas temos mais equipado ou entretido os crentes?
Estimulamos nossos irmãos a viverem em missão por onde andam ou a possuíram apenas frequência em nossos cultos?

 

Em Cristo,

 

Roberto de Assis
Twitter: @igrejamissional
E-mail: igrejamissional@gmail.com

 

 

Iniciamos esta série entrevistando o pastor José Marcos Jr, mais conhecido pela alcunha de Marquito.

Marquito é Plantador e pastor da Comunidade Alternativa Cristã Ajuntamento na cidade de Piracicaba – SP, formado em Teologia pelo Seminário Presbiteriano do Sul e Pós-Graduando em Plantação e Revitalização de Igrejas pela mesma instituição. É casado com Deborah, com quem tem uma filha: Luíza.

 

Igreja Missional:  Em sua visão, o que é ser uma igreja missional?

Marquito: A minha visão de igreja missional tem a ver com uma comunidade “voltada para fora”, ou seja, onde o que fazemos como comunidade tem por objetivo alcançar a outros, cumprindo em nossa vida, programações, treinamento e visão a Grande Comissão do Evangelho, a saber: “ir a todo mundo e pregar o evangelho a toda criatura.” Desta forma, a manutenção da comunidade e toda burocracia nela envolvida torna-se secundária, pois o que importa é a contextualização do evangelho à nossa sociedade e cultura e o quanto cada membro da comunidade vive o evangelho como testemunho entre as nações. Resumindo: uma igreja missional não entende a missão de pregar e viver o evangelho como parte dela ou como um dos seus ministérios, mas como a essência de sua existência no Reino. 

 

Igreja Missional:  A Ajuntamento é uma comunidade que claramente busca a contextualização. Qual o fundamento     bíblico para a contextualização?

Marquito: Para nós o maior fundamento bíblico está na encarnação. Para nós nada é mais contextual do que o Verbo que se fez carne e habitou entre nós, ou seja, falou a nossa língua, teve o nosso cheiro, pisou nas estradas poeirentas de Israel. Também vemos o texto de Atos 17 (de Paulo em Atenas) como emblemático para a contextualização, pois ali ele usa do totem ao “deus desconhecido”, e a partir da realidade da idolatria daquele lugar prega o evangelho e faz um “link” com a realidade da salvação oferecida em Jesus.

 

Igreja Missional:  Você enfrentou, ou ainda enfrenta, algum tipo de preconceito por parte de algumas igrejas? A que você atribui isso?

Marquito:  Sim, ainda sofro com muito preconceito! Eu atribuo isto ao medo que o novo sempre gera em qualquer época ou sociedade. Durante décadas em nosso país estivemos acostumados a um tipo de igreja, a um determinado esquema litúrgico que inclui determinadas músicas, vestimentas e outros utensílios, além de um linguajar que se tornou próprio apenas de púlpitos ou templos. Quando, de alguma forma, você rompe com isto (sem abrir mão dos princípios), as pessoas tendem a imaginar que você está abrindo mão do evangelho em si. Aí, demonstra-se a confusão entre evangelho e cultura evangélica. O que propomos é seguir o evangelho de Jesus e contextualizar a mensagem de acordo com a cultura do tempo que se chama hoje.

 

Igreja Missional:  A teologia ocupa lugar secundário dentro de uma proposta de igreja missional?

Marquito:  Pelo contrário! Tudo o que uma igreja missional se propõe a fazer deve, necessariamente, estar embasado teologicamente. Não é possível fazer a contextualização sem um profundo conhecimento das bases históricas da nossa fé e sem uma hermenêutica muito bem feita das escrituras.

 

Igreja Missional:  O que vem a ser uma liturgia missional?

Marquito:  Vem a ser uma liturgia que tenha conexão com o tempo que vivemos, que transmita os valores do Reino àquele que está dela participando e que leve à adoração produzindo o mínimo possível de ruído na comunicação. Algumas perguntas precisam ser feitas ao se pensar uma liturgia missional: as músicas que cantamos falam o quê e a quem? A linguagem das músicas, textos e orações é inteligível ao ser humano pós-moderno? O que fazemos serve a Deus e a Seu povo ou apenas à história?

 

Igreja Missional:  Pode definir o que é uma liderança missional?

Marquito:  É uma liderança que pensa a estratégia da igreja nos pressupostos listados acima para uma igreja missional. O que costumamos nos perguntar aqui ao tomar uma decisão é: o que fazemos tem a ver com a missão que entendemos Deus ter nos dado como igreja? Como podemos, através das estratégias que adotamos e do planejamento que fazemos ser fiéis ao chamado como igreja do Senhor Jesus em pleno século XXI – uma liderança missional sempre estará atenta a estas questões.

 

Igreja Missional:  Como é uma pregação missional?

Marquito:  Em primeiro lugar é altamente contextualizada. Um dos graves problemas que vejo em muitas mensagens cristãs do nosso tempo está no fato de que elas respondem de maneira altamente correta às perguntas que levanta, só que as perguntas que levanta não são as perguntas que o povo está fazendo. Ou seja, a resposta está certa, mas a pergunta proposta é equivocada. Aí, temos muita gente simplesmente respondendo a perguntas que não estão mais sendo feitas! Em segundo lugar precisa ser bíblica. Isto é importante ressaltar porque, muita gente no desejo de ser contextualizado e descolado tem perdido a oportunidade de pregar a Palavra. Há muito conteúdo de psicologia travestido de evangelho e pouco evangelho sendo anunciado. Em terceiro lugar precisa usar uma linguagem adequada. Não adianta falar muito e corretamente, com uma ótima hermenêutica e exegese se, na hora de transmitir a mensagem, ninguém entende nada! Um pregador missional precisa, necessariamente, conhecer o povo a quem prega e falar a língua dele!

 

 

Igreja Missional:  Em sua opinião, “missional” é apenas uma nova onda eclesiástica, ou uma direção de Deus para igrejas hoje? Justifique.

Marquito:  Em minha opinião é uma direção que Deus tem nos dado. A principal justificativa tem a ver com a Palavra. Ora, se Jesus, que é o Cabeça da Igreja, veio para buscar e salvar o perdido e não para manutenção da religiosidade reinante em seu tempo, então nós, como Corpo de Cristo precisamos entender assim o nosso chamado, compreendendo a igreja local não como um fim em si mesma, mas como um instrumento de Deus em nosso tempo para que o evangelho continue a alcançar os que estão perdidos. Assim, ao meu ver, a “onda missional” tem a ver com um despertamento do Espírito Santo no coração de muitas pessoas desejosas de ver o evangelho alcançando do maneira efetiva aqueles a quem Deus tem chamado.

 

*Você encontra mais do Marquito e da Comunidade ajuntamento em: www.ajuntamento.com.br

 

Em Cristo,

Roberto de Assis
Twitter: @igrejamissional
E-mail: igrejamissional@gmail.com

 

 

 

 

 

Observo alguns debates que ocorrem aqui e ali a respeito da orientação e foco que uma igreja deve assumir. Algumas alas defendem que a orientação única que uma igreja deve adotar, trata-se de ser uma igreja vertical. Por igreja vertical entenda-se, ser uma igreja centrada em Deus, voltada para Deus, e que mantém toda sua organização eclesiástica (liturgia, música, pregação) com o foco em Deus. Nessa leitura, a igreja não deve se ocupar com a tarefa de tornar a mensagem do Evangelho “agradável” aos ouvintes, nem se preocupar com que visitantes entendam o que se quer dizer nas músicas (cânticos) que são tocadas. O foco é agradar ao Senhor. O culto dominical resume-se ao momento sublime de encontro do povo de Deus para “queimar incenso” em Sua presença e ampliar a comunhão entre eles.

Já na ala dos que defendem uma igreja horizontal, encontramos a proposta de que, tudo na igreja, deve ser voltado para os de fora.  Muita mídia social e recursos visuais “descolados” são utilizados, a vestimenta mais despojada, a linguagem menos formal e, na pregação, não é raro notar o abandono de alguns temas como: pecado, santificação, castidade pré-conjugal, inferno, entre outros.

Creio que  os dois conceitos não são excludentes e, assim, uma igreja com ênfase missional procura agregar o ideal dos dois “cenários”.

Precisamos, definitivamente, expressar o caráter vertical de nossas igrejas. Isso nasce com o senso da missão como igreja no mundo, passando pela diligente obediência às Escrituras, ensinando doutrinas bíblicas que revelam quem é Deus e quem é o homem, zelo na administração dos sacramentos e na aplicação da disciplina. Além disso, é importante que tudo nessa igreja, de fato,  aponte para Deus e ajude pessoas a alcançarem uma visão mais clara sobre o Cristo da Bíblia, permitindo com que desenvolvam então uma cosmovisão cristã do mundo e de si mesmas.
Pastores devem ser mais do que “treinadores de vidas”. Precisam ser conhecedores e pregadores do Evangelho, pois se desejam ter igrejas fortes, precisam de mais do que boa administração, tradição denominacional ou carisma: precisam exalar o Evangelho.

Na mesma medida, é importante atentarmos para o chamado horizontal da igreja. Necessitamos de revisão das nossas estruturas internas, programações sem sentido, letras de músicas incompreensíveis até mesmo para alguns crentes e vícios de linguagem, com vistas a não suprimir a cultura que nos cerca e, com isso, criarmos uma subcultura “gospel” que não consegue se comunicar fora das 4 paredes da igreja.
Não podemos mais permanecer inativos diante das demandas do nosso mundo. Não podemos fechar os nossos olhos para a realidade que nos cerca, nos trancando dentro das igrejas e cantando corinhos enquanto Jesus não volta.
A igreja tem em seu DNA a relevância. A mensagem da igreja é relevante para a cultura de qualquer época, mesmo a nossa. Mas muitas igrejas abandonaram esse aspecto, tornando seus cultos inacessíveis e seus pés engessados para a tarefa de alcançar o mundo que as cerca.

 

Quais razões fazem com que tantas igrejas hoje, afetadas pela “numerolatria”, se empolguem apenas com templos lotados e cada dia mais bem decorados, sem questionar os motivos que fazem a cidade não ser transformada ?

Que Evangelho é esse que temos pregado, capaz de nos deixar em paz e relaxados, apesar de encontrarmos na porta de nossas igrejas crianças de 5 anos chorando de fome com mãos estendidas pedindo comida?

Que cristianismo é esse que zela pela doutrina e cuida da vida moral de seus adeptos, mas que não tem olhos para a senhora de roupa rasgada, aspecto sujo, revirando o lixo da pizzaria onde comemos após o culto, em busca de restos de comida que amenize sua fome?

Que paz de espírito é essa que gozamos, capaz de não nos inquietar com os dados da realidade a nos apontar que o uso de medicamentos antidepressivos, cocaína, crack e alcool não param de aumentar em todas as faixas da sociedade?

Nossa tarefa é zelar pelo evangelho e torná-lo compreensível para todos. Precisamos anunciar o quanto Jesus é relevante, doce, amável, salvador e transformador HOJE.
Se desejamos transformar nossa cidade, devemos pregar efetivamente o evangelho, buscando os pontos de contato com a cultura e o contexto a nossa volta.

Vivendo assim, vertical e horizontalmente, cumpriremos nossa vocação diante de Deus e diante do mundo.

Em Cristo,

Roberto de Assis
Twitter: @igrejamissional
E-mail: igrejamissional@gmail.com

 

“A terra estava sem forma e vazia … E disse Deus: haja …”
Gn. 1:2-3

 

A realidade do cotidiano que nos cerca, nos faz afirmar com absoluta certeza que, para a grande maioria das pessoas, a rotina e a agenda de cada semana se resume ao mais absoluto caos.Vive-se potencialmente afetado pela urgência do relógio, pelo número de compromissos indispensáveis que necessita-se deixar de lado, e pela firme convicção de estar sempre em débito: com a empresa, com a família, com a saúde, com os amigos, enfim, consigo mesmo.

Essa “tirania da urgência”  é promotora de grandes crises de ansiedade, síndromes de pânico, depressão, vícios diversos e provoca na alma o sentimento de uma espiritualidade em frangalhos.

Carregados por essa realidade semanal, muitas pessoas entram na igreja no Domingo. Em seu interior há o forte desejo de ouvir a mesmo voz, potente e criadora, que ecoou em Gênesis 1 estabelecendo ordem em meio ao caos. Pessoas que sentem toda a aridez emocional de viver em contínua competição por toda a semana e que, nesse dia, tudo o que buscam é água fresca. Fresca o bastante para tirar a sede, renovar as forças e preparar os pés para mais uma semana, mais uma jornada.

 

Mas em qual igreja essas pessoas entram?
Qual mensagem elas escutam?

 

Tantos são os pastores que hoje pregam sermões carregados de psicologias e auto-ajuda, porém esvaziados de Evangelho. O desafio da contextualização não pode tornar uma igreja em um centro avançado de palestras motivacionais, nem os pastores do rebanho em meros coachs (treinadores de vidas).

O que estabelece ordem para a alma é a revelação do Evangelho de que, em Jesus, alguém pode novamente se conectar com Deus, relacionar-se com Ele e ser plenamente preenchido de sentido e direção para a vida.
Pregar numa linguagem compreensível, inclusiva e contextualizada não requer  pregadores que abandonem o cerne da revelação cristã: de que o homem, por natureza, é inimigo de Deus, vive uma vida que desagrada à Deus e que somente reconhecendo, pela Fé, que Jesus Cristo o substituiu na Cruz permitindo-o viver em Paz com Deus, é que esse homem pode achar consolo eterno para sua alma.

 

Quem vai pastorear e discipular a vida dessas pessoas que, cada vez mais, buscando enriquecer a todo custo, possuem bolsos cheios e corações vazios?

Quem vai pastorear e discipular a vida desses adolescentes de 45 anos, viciados em drogas, viciados em pornografia virtual, viciados no ativismo dos eventos sociais, porém sem família, sem amigos verdadeiros e sem Deus na vida?

Quem vai pastorear e discipular a vida do empresário sonegador, que burla o direito dos seus funcionários, que paga o mínimo exigido pelo governo e não o máximo que ele próprio poderia arcar, meramente para acumular mais dinheiro?

Quem vai pastorear e discipular a vida dessa igreja “limpa e cheirosa” que não consegue enxergar sua missão de cuidar do desfavorecido, do pobre, do sujo, do maltrapilho, das crianças que não conhecem o que é brincadeira, amor e afago?

Quem vai pastorear, discipular e despertar esse gigante que dorme chamado Igreja?

 

Sonhamos em ver uma igreja em nossos dias como foi a igreja em seu início, no novo testamento. Mas temos homens do novo testamento?

 

“Minha fé exige que eu faça o que puder, onde quer que eu esteja, sempre que for possível, por quanto tempo puder, com os recursos de que dispuser, para tentar fazer a diferença” – Jimmy Carter

 

Em Cristo,

Roberto de Assis
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E-mail: igrejamissional@gmail.com

 

 

 

 

 
Algum tempo atrás, participei de um evento voltado para a reflexão dos rumos da igreja atual e o consequente posicionamento dos cristãos diante dos novos desafios. O preletor foi o Ziel Machado que, além de grande sujeito, nos enriqueceu muito com suas palestras.
 
Algo marcante para mim, foi o uso da expressão “gramática da cidade” por ele utilizado. Segundo Ziel, a igreja conhece, se identifica e vive (ou deveria) a “gramática do Reino de Deus”, porém, discernir a gramática do entorno é fundamental para que a mensagem do Reino seja transmitida dentro desse cenário urbano.
 
Zygmunt Bauman, possivelmente um dos maiores pensadores sociais de nossos dias, nos traz grandes reflexões sobre o contexto das cidades, em seu livro Confiança e Medo na Cidade (ed. Zahar).
Para ele, é necessário entender em que contexto a cidade contemporânea está inserida. Uma cidade democrática, onde as relações interpessoais sejam também consideradas no planejamento e na gestão urbana, é a ênfase do autor. Segundo Bauman, as contradições das cidades provocam a sensação de medo e por conta disso, as pessoas buscam e pagam caro por “falsas sensações de segurança”. 
 
Mas, Bauman, deseja promover o debate sobre espaço urbano enquanto política de gestão participativa e democrática, e quanto a nós?
 
Não precisamos ser cientistas sociais para diagnosticarmos o contexto do entorno da igreja. Precisamos apenas entender de que modo a mensagem do Evangelho – que lança fora o medo e que promove confiança inabalável – pode ser apresentada nesta geração, neste contexto social.
 
Conhecer a cidade, interagir com ela, reconhecer seus traços culturais, seus modismos vazios ou novidades relevantes são caminhos inevitáveis para todo aquele que deseja ser um missionário de Jesus no cotidiano.
Cumpri-nos conhecer a Bíblia. É fato que necessitamos buscar a face de Deus na intimidade da oração reverente. Mas olhar “para fora” dos nossos muros religiosos e de nossa “umbigologia” também é fundamental. Isso, se desejarmos ser um povo relevante. Isso, se quisermos ser uma Igreja Missional.

Em Cristo,

Roberto de Assis
Twitter: @igrejamissional
E-mail: igrejamissional@gmail.com

 

Muitos questionam o valor da adesão ao movimento missional, crendo que, em muitos casos a mensagem da Bíblia é alterada (e até mesmo deixada de lado) por aqueles que, com desejo de contextualizar a mensagem de Cristo, não se importam com a perda no conteúdo.

A igreja missional que sonhamos, representamos e defendemos nesse blog, é bíblica. Tem sua doutrina pautada pela tradição da reforma protestante e, em hipótese alguma, questiona a autoridade final das Sagradas Escrituras.

Partindo desse princípio, em que crê uma igreja missional?

– Ela crê e proclama que há um único e verdadeiro Deus;
– Que esse Deus é o Criador de todas as coisas, no Céu e na Terra;
– Que também criou homem e mulher com dignidade, valor, importância e propósito;
– Que fomos criados para Sua Glória e adoração;
– No Éden, nossos primeiros pais substituíram Deus por eles mesmos;
– Como resultado, nos tornamos por natureza, separados de Deus e decididos a acreditar na mentira de que somos “deuses” de nós mesmos, declarando o que é certo e o que é errado, por conta própria.
– Esse Deus, amorosamente, se contextualiza com nosso mundo, entra em nossa história humana, na pessoa de Jesus Cristo.
– Jesus Cristo, plenamente Deus e plenamente homem, nasce de uma virgem, sem pecado, e vive uma vida de total santidade mesmo tendo sido fortemente tentado em todas as coisas (assim como cada um de nós);
– Ele foi para a cruz e lá nos substituiu (desfazendo a substituição de nossos pais, no Éden);
– Ao assumir a Cruz, Jesus voluntariamente toma para si todos os pecados, de todos aqueles que viriam a crer Nele (pecados do passado, presente e futuro);
– Por essa atitude, Jesus paga a impagável dívida do homem com Deus, nos permitindo pela fé Nele, nos conectar novamente ao Criador;
– Cristo morreu, foi sepultado publicamente numa sexta feira, mas no Domingo ele tornou à vida, vencendo definitivamente a morte, o inferno, o pecado, satanás, TUDO;
– Depois disso Ele deu uma missão para sua Igreja: que através da ajuda do Espírito Santo, nós espalhemos ao mundo essa grande notícia: de que há um Deus que nos busca contínua e incansavelmente;
– Cristo subiu aos Céus, assentou-se à direita de Deus e governa sobre TUDO: reinos, etnias, credos, eras, culturas, políticas, filosofias; e ordena à todos, em qualquer lugar, que se arrependam de seus pecados;
– Ele está voltando para julgar todas as coisas, e aqueles que não se encontrarem, pela fé, debaixo de sua graça, serão impedidos de gozar de sua doce companhia por toda a eternidade e receberão, como destino último, a sentença de passar toda a eternidade ausentes de Deus, no inferno;

Isso, é o fundamento daquilo que cremos e devemos proclamar. Contextualizar não significa abrir mão das eternas verdades de Deus, mas sim, estar conectada – como igreja – com Deus e com o mundo.

Em Cristo,

Roberto de Assis
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E-mail: igrejamissional@gmail.com

Igreja fora dos muros

Publicado: 05/18/2011 em Reflexão Missional
Durante muito tempo, o texto de Mateus 28:18-20 (A Grande Comissão) ficou isolado da realidade prática da vida de muitos cristãos. A ordem de Jesus para que, INDO pelo mundo, o evangelho fosse divulgado através dos discípulos, foi trocado por um esforço enorme para que o mundo fosse até a igreja (trocamos o “ide” pelo “vinde”).
 
Inevitavelmente, criou-se uma subcultura cristã – uma tentativa vazia de impor uma nova cultura ao invés de se estabelecer uma conexão com a cultura existente.
Música própria; dialeto próprio; moda própria …
 
Enquanto muitos ainda pedem para que Deus repreenda a pós-modernidade, nós precisamos nos equipar, fazer a necessária exegese cultural e estabelecer os “pontos de contato” para a mensagem do evangelho.
 
Como missionários enviados ao nosso ambiente de convívio precisamos amar pessoas, fazer amigos e, através da vida, anunciar o Reino de Deus (que aconteceu primeiro dentro de nós) buscando fazer com que nossos amigos também se tornem amigos de Deus.
 
Certamente a  maioria de nós não foi chamada por Deus para assumir os púlpitos de igrejas e nem para coordenar grandes conferências evangelísticas. Em todo caso, individualmente todos fomos chamados por Cristo para portarmos Sua mensagem ao mundo.
 
O vídeo abaixo, fala um pouco sobre o que é a igreja. É simples e igualmente verdadeiro.
 
 
 
“Pregue em todo o tempo. E, quando necessário, use palavras” 
Francisco de Assis.  
 
 
Em Cristo,
 
Roberto de Assis
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“E a Palavra se tornou gente, e veio para a vizinhança”
Jo. 1-14
 
Creio que um dos maiores desafios para a igreja de nossos dias seja a vivência de seu caráter encarnacional e contextual. É como se existisse um abismo a separar prática bíblica de vida contextual, integrada com nossos tempos.
É interessante refletir no que nos ensina o maravilhoso texto de João sobre a encarnação do Verbo de Deus.
A missão de Jesus inicia com contextualização. Ele VEIO para a nossa realidade, num tempo e cultura específicos. Com o contexto social, cultural e político daquele tempo, Jesus iniciou seu ministério apregoando vida numa cultura religiosa engessada pelo tradicionalismo e declarando o estabelecimento do Reino de Deus.
Em suas pregações, Jesus se assemelhava muito mais à um poeta do que um orador; seus sermões estavam recheados de histórias plenas de sentido para seus ouvintes e, sua vida social era partilhada por todos que o cercavam.
Mas e a igreja, hoje? Quais as razões que nos tornam cada dia mais divorciados da cultura, do contexto que nos cerca e, consequentemente, das pessoas que nos rodeiam?
Se por um lado não podemos permitir que a santidade da igreja seja maculada pelo mundanismo, por outro, não podemos deixar de tocar o mundo com a mensagem que nos cabe.
Devemos manifestar o Reino de Deus hoje. Expressar nossa confissão de Fé na praticidade de cada dia. Proclamar as virtudes de Cristo com nossas atitudes é uma necessidade urgente e real para todo crente que pretende ser relevante nos dias atuais.
Está na hora do nosso discurso “encarnar” e habitar na vizinhança, de maneira que o Evangelho, que é PODER de Deus para salvação, se espalhe através de nós.
Precisamos expressar mais a nossa Redenção e menos religião.
Abaixo, um vídeo de Mark Driscoll, pastor da Mars Hill Church em Seatle, onde ele fala um pouco sobre a diferença do cristianismo bíblico (que deve ser ensinado) e do cristianismo religioso:
 
 
Em Cristo,
Roberto de Assis
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